sexta-feira, 17 de junho de 2011

Mais uma de desamor

Ela sabia... No fundo ela sabia que algo estava errado, podia sentir dentro do seu peito, queimando feito brasa, machucando-a. Ele dizia que não... Que tudo estava bem, como todas às vezes, como todos os dias.

Ele acordou àquele dia, colocou a sua melhor roupa... Aquela bela camisa preta com listas brancas quase invisíveis que ela tanto gostava; a sua melhor calça, seu melhor perfume. Durante o caminho, ele comprou flores e chocolates e um bom vinho. Estava tudo bem...

Ela colocou um vestido simples, uma maquiagem não muito chocante, na verdade era uma maquiagem que revelava seu estado de espírito. Aquela sensação de que algo estava errado estava se tornando maior e insustentável, tentou camuflar, mas estava se tornando mais difícil, muito difícil.

Ele chegou, ela sorriu, ele entregou as flores, ela agradeceu... Pediu para qu’entrasse, ele sentou, ela comeu alguma coisa, ele bebericou o vinho, ela falou algumas palavras, ele a olhou confuso, ela olhou para o relógio, o tempo não passava. Ele a olhou nos olhos a última vez...

Ele levantou-se do sofá, passou a mão trêmula na cabeça... “Foi algo errado que fiz, algo que não fiz?” perguntou incrédulo. Ela balançou a cabeça negativamente, as lágrimas rolavam copiosamente do seu rosto, ele estava em pé, andando para lá e para cá, aquilo estava mesmo acontecendo?

“Existe outro alguém?” ele perguntou, ela negou... “Então por quê?” ele abaixou-se e fitou os olhos marejados dela. “Eu não sei” foi apenas o que disse. Ele levantou, seu coração sangrava, sua boca estava seca e seu espírito devastado pela dor. Deveria saber que aquilo estava acontecendo, deveria, mas não sabia.

A pequena linha tênue que os ligava foi quebrada assim que ele saiu batendo a porta, ela podia ouvi-lo batendo forte ao descer as escadas, poderia ouvi-lo gritar de dor, poderia sentir a dor dele e teve a certeza de que nunca mais o veria.

Ela continuou sentada no sofá, seu corpo tremia, sua respiração estava irregular, seus olhos estavam vermelhos, as lágrimas continuavam a correr, mas ela sabia que apesar de toda a dor, aquilo iria passar e tudo ficaria bem... Sim, tudo ficaria bem.

Ana Caroline


3 comentários:

  1. Esse seu poder com as palavras me arrepia...

    Ainda vou ver seu nome grande cahzinha, e lá eu serei não só sua amiga, mas sua fã.

    ResponderExcluir
  2. Muito profundo o texto, me emocionou de verdade. Gostei do jeito que vc escreveu esse texto, com os pronomes e tal, mto criativo. Parabéns. Beijos do Nagai.

    ResponderExcluir
  3. Procurava pelo título da minha última crônica, o mesmo que este da sua, 'mais uma de desamor', e achei você. achei real, sutil e muito dolorido, profundamente dolorido, ainda mais quando a ficção alheia rouba uma história da sua vida e a traduz em palavras que vão, uma a uma, cortando e preenchendo o coração, tudo ao mesmo tempo. fiquei feliz de ter encontrado. se quiser, http://degustamundo.blogspot.com

    ResponderExcluir